Adulteração de extratos vegetais: a importância da qualificação de fornecedores

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Por: Bruna Marianni, Farmacêutica de P&D na Infinity Pharma®

Atualmente, a busca por alternativas naturais para a manutenção e melhora da saúde aumentou significativamente. O maior acesso à informação e o entendimento dos benefícios que os produtos naturais oferecem, têm aumentado a demanda no mercado mundial. Buscando a capitalização, muitas empresas fabricantes apelam para medidas anti-éticas como a adulteração de extratos autênticos, visando reduzir os custos e ganhar competitividade perante os concorrentes.

Existem muitas maneiras de adulterar extratos naturais, todas com um único objetivo: baratear o produto e acompanhar a demanda.

A substituição é uma forma de “trocar” um ingrediente por outro, alegando ser da mesma planta, que podem ser facilmente confundidos por suas semelhantes características organolépticas (aparência). Um exemplo clássico é a substituição do extrato de Bilberry (mirtilo), um extrato caro e rico em antocianinas, pelo extrato de Amaranth (amaranto), mais barato e com menor concentração de antocianinas.

A fortificação é a forma mais comum de adulteração, onde os extratos naturais possuem aditivos sintéticos. Exemplos clássicos são as fortificações do extrato de guaraná com cafeína sintética, extrato de acerola com ácido ascórbico sintético ou ainda extrato de cúrcuma com curcumina sintética. Dessa forma, o extrato fica mais potente, porém esse efeito não é derivado de suas propriedades naturais e sim de um aditivo sintético.

Depleção é um método de adulteração que não envolve adição de componentes, mas sim a retirada de compostos bioativos. Um exemplo típico é a silibina, que é isolada do extrato da Silybum marianum. As silibinas A e B, após isoladas, são utilizadas por algumas empresas (normalmente indústrias farmacêuticas), e depois esse mesmo extrato, sem seus bioativos, é vendido por um preço menor. Foi com esse tipo de adulteração que o mercado magistral foi julgado por algum tempo como “refugo” das indústrias.

A adulteração por adição acontece com plantas que tem uma alta demanda no mercado, como o Ginkgo biloba e o extrato de sementes de uva. Não é incomum que aconteça a adulteração adicionando-se outros extratos com composição química similar. No caso do Ginkgo biloba, comumente é adicionado extrato de Sophora japonica, que é mais barato e possui estrutura e aparência semelhante, e para o extrato de semente de uvas, adiciona-se extrato de pele de amendoim. Dessa forma, aumenta-se o volume dos extratos e, consequentemente, diminui-se o custo.

É muito importante ressaltar que essas adulterações, quando acontecem, são realizadas por empresas que fabricam os extratos. Quando olhamos esse cenário, é fácil entender porque algumas pessoas optam por não aderir ao uso da fitoterapia. Porém, todas essas formas de adulteração são facilmente detectáveis em análises de controle de qualidade como o HPLC (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) e UV (Ultra-Violeta). Além disso, um rigoroso processo de qualificação de fornecedores é mais uma forma de garantir que os produtos que chegam até o nosso mercado e, consequentemente, aos pacientes, são de alta qualidade. Por isso, é extremamente importante que as distribuidoras atentem-se a esse processo. A qualificação de fornecedores é uma auditoria realizada in loco, que compreende análises rigorosas de documentações e processos, e que permite verificar se uma empresa cumpre com as especificações regulatórias e de qualidade. Junto a isso, o controle de qualidade sobre os produtos adquiridos, confirma a autenticidade dos mesmos.

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